Se valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena... Tudo vale a pena se a recompensa é um sorriso maior que os lábios, um brilho maior que os olhos, um palpitar maior que o peito.... Se compensa subir a montanha, mergulhar no abismo? Se a caminhada no deserto ao calor do dia e ao frio da noite... Se a sede e a fome sem o mana divino... Se o cansaço e a exaustão de esforços inomináveis, quando até a própria esperança nos abandona, traz mais algum fruto além das lágrimas e das dores infindas? Ah sim... Tudo vale a pena quando após tudo isto o calor dos nossos braços serve não para nos aquecer e não a nós próprios mas para aconchegar por quem lutamos. Todo o cansaço se desvanece quando, mais do que lutarmos por nós, nos apercebemos que lutamos já ao lado de alguém que tem os mesmos objectivos que nós. Todas as lágrimas e dores são ultrapassadas pela alegria da consciência do que obtivemos através e apesar delas mesmas. E o mais importante é que só chegamos onde chegamos porque não desistimos e não abandonamos a luta à fraqueza de deixar de esperar o melhor. Seja a luta qual for... Se vale a pena? Vale, apenas se não perdermos a nossa alma e não nos esquecermos de quem, o quê e como somos no processo....
É atirada ao material uma criança... Um bebé que viria a ser uma criança... À carne, ao físico, ao tempo e espaço. Depois, contextualiza-se e integra-se essa criança num todo... Um grupo de condicionantes e fatores de como é suposto ser tudo. Um status quo inescapável de outros seres semelhantes que surgiram antes... Expectativas, padrões, normalidades, regras e o indivíduo neófito submete-se naturalmente à força passiva dos tantos contra nada, como se não houvesse qualquer violência envolvida. Não é explicada qualquer existência de quebras ou excepções ao padrão... Até o indivíduo se aperceber que é, ele próprio, uma excepção em algo... Há nele uma latente fuga às normas e não sabe que a fuga às normas é em si mesma normal... Este é o primeiro conflito real do ser: admitir-se excepção ou refutar-se enquanto tal. A uma criança contextualizada no tácito contato social e sobreimposto status quo, ser a excepção em algo fundamental como, digamos, um núcleo familiar standardizado, constitu
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