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A mostrar mensagens de fevereiro, 2011

Caverna

Então há uma altura em que me encontro no mercado deambulando e espiolhando as almas de quem comigo se cruza e um manto, uma capa com capuz cruza-se com a minha capa com capuz... Eu estaco imediatamente à passagem de tão familiar capa com capuz e sinto que a outra capa estacou imediatamente à minha passagem... Viro-me lentamente, a medo, como que a confirmar que não é o reflexo de um espelho o que se cruzou comigo e o reflexo de um espelho que se cruzou comigo vira-se lentamente a medo, como que a confirmar que eu não sou um reflexo de um espelho... Então olho mais cuidadosamente aquela capa com capuz... o trabalhado, a textura, a cor. Quão familiar... E olho a minha capa com capuz, a cor, a textura, o trabalhado.... Espreito ousadamente para dentro daquele capuz e vejo uma máscara que espreita ousadamente para dentro do meu capuz... Através de uma aberta vejo um pouco da pele que se esconde sob o manto com capuz e percebo que é semelhante em muito à minha pele que se encontra um
Sento-me no topo da minha torre... Ocultei minha alma em panos e não bastou, apertei-a e pedi-lhe que não falasse tão alto e não bastou, encostei-a à parede e entre palavras de amor, ameacei-a que a deixava e a perdia... Encerrei minha alma numa cela de pedra fria. Dei-lhe fome e sede de atenção, negligenciei-a e aguardei que esmorecesse, quando voltei ao cativeiro agrediu-me com as pedras arrancadas à parede. Juntei as pedras e encerrei-lhe a porta, emparedando-a... Incontáveis eras passaram e voltei para ver a minha alma perdida. Encontrei a prisão em ruínas, reduzida a um monte de pedras espalhadas. A minha alma encontrava-se no meio dos destroços e manteve-se em silêncio quando me sentiu a aproximar. Abracei a minha alma e apertei-a contra mim, confiante na sua docilidade, mas a minha alma mordeu-me e arranhou-me e revoltou-se em silêncio contra mim. Tentei fugir-lhe e escapar-lhe mas perseguiu-me em silêncio por montes e vales... Por artes e manhas encerrei minha alma nu