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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2020
  Houve ali um momento, no ponto angular daquela pedra, em que dispus novamente ao vento e à sua misericórdia... "Zéfiro, Senhor," orei para comigo, "toma-me novamente como quando era pequeno e com a mesma facilidade ampara-me no ar impedindo-me a queda... Perdoa-me as costas que te dei ao longo dos anos por ser insensato contar contigo. Toma-me de peito aberto e se acaso não tiveres em ti piedade com que me agraciar, solta-me lentamente para que te guarde apenas como lembrança ou fantasia da infância.". E o vento teve-me, susteve-me e conteve-me, como um velho amigo, como um irmão mais velho que embala desajeitado mas com carinho o mais novo... E de novo as vozes do mundo me alertaram para a insensatez de confiar no vento, de novo me pediram que abandonasse a iminência do abismo, de novo se levantaram em preocupação ante um previsível e evitável destino... E eu... Eu sorri ao vento que atiça o fogo na minha alma, abracei-o mais um momento e despedi-me com mais um
  Estamos numa floresta algures no norte do Vietname, algures perto da fronteira com a China, com vegetação densa que mal permite que os raios de sol cheguem ao chão. Uma aberração, um ser vagamente descrito como uma cobra mas com patas, com o comprimento de quatro homens adultos e formações ósseas tão finas ao longo do corpo e cabeça que quase parecem pelos. Acaba de rasgar o pescoço a um pequeno javali, mas espera caça maior... Imita os sons abafados da sua presa enquanto mescla o seu ondulante corpo com as linhas da floresta... É praticamente invisível por vontade própria, o senhor da camuflagem. O alegado rei da floresta, o felino de corpo laranja rasgado de traços negros aproxima-se, cauteloso. O seu território alarga-se desde o Punjabi até à China. É um portento de força e magestade, temido por muitos e contestado por poucos... Mesmo o Homem sabe que deve deixar as suas cabanas longe dos seus terrenos de caça. Cheirou há algum tempo o sangue do suíno, vem seguindo os berros aflit