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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2007

Perspectivas

Nunca me dei muito a futurologias... Se me dessem a possibilidade de ter o poder de conhecer o que o amanhã me reserva, declinaria o mais educadamente a oferta... o que toda a gente quer, saber do amanhã para mais facilmente poder furtar-se às agruras e armadilhas do destino. É coisa que não me atrai de todo. Digo isto agora... Passou-se o seguinte: Há uns anos, numa das minhas solitárias deambulações pelo mercado da cidade, um velho homem que me costumava acompanhar... Correcção,eu costumava acompanhá-lo a ele, por isso andava sempre sozinho porque não tinha quem me acompanhasse a mim. Esse velho homem olhou-me e viu que lhe olhava de baixo. Achou esquisito porque, apesar de não as ver, sabia que havia um par de asas sob as vestes que trazia. E ofereceu-me a possibilidade de ver o amanhã com a mesma lucidez e claridade com que se vê o ontem... "Porque o ontem e o amanhã são equidistantes do hoje... Hoje é a nossa mente, é uma ilha rodeada de tempo por todos os lados... Se fizeres

Um Ateniense

"O calor espanta tudo e todos... adormece. Entra-nos nos corpos, ocupa-nos os pulmões... Lentamente, apesar de tentar lutar contra a temperatura com o suor, vamos entrando numa espécie de estase, não êxtase, e deixando-nos desfalecer... As pernas bamboleantes... a respiração pesada... a boca seca e olhos límpidos implorantes de águas frescas e cristalinas que terminem a agonia. Não, já não querem água, já só pedem uma sombra... raios, não! o que o corpo pede é a frescura dos elísios, uma ribeira, colinas verdejantes cobertas de ulmeiros, brisas refrescantes, frutas doces... Chamada à realidade. Ao longe o Partenon arde... Treme e não cai com as ondas que Gaia reflecte de uma carruagem de Apolo mais quente que qualquer forja de Hefesto, o Deus-Zarolho... Somos mortais, ó Imortais!... Aplacai a vossa fúria contra nós que destruímos impiedosa e lentamente as vossas criações... Dai-nos a misericórcia que a raça humana nega à sua gente... Não? Mestre e Senhor dos Sete Mares, ó Poseidon

Deus

Nos tempos antigos, quando o primeiro movimento de fala me atravessou os lábios, eu subi à montanha sagrada e falei a Deus dizendo: “Senhor, eu sou o Vosso escravo. A Vossa vontade oculta é a minha lei e irei obedecer-Vos por toda a eternidade.”. Mas Deus não deu resposta e como uma poderosa tempestade passou por mim. E passados mil anos, subi de novo à montanha sagrada e de novo falei a Deus, dizendo: “Criador, eu sou a Vossa criação. Do barro me concebestes e a Vós devo tudo o que possuo.”. E Deus não deu resposta além de passar como milhares de rápidas asas. E passados mil anos trepei a montanha sagrada e falei de novo com Deus, dizendo: “Pai, eu sou o Vosso filho. Com piedade e amor me deste a vida e através do amor e da veneração herdarei o Vosso Reino.”. E Deus não deu resposta e como a bruma que cobre as distantes colinas, afastou-se. E passados mil anos escalei a montanha sagrada e de novo falei a Deus, dizendo: “Meu Deus, meu objectivo e minha concretização; eu sou o Vosso ont