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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2009
O que nos leva em múltiplas direcções e no entanto parece um rio, recto e certo? O que é que nos aparta de nós próprios, nos faz esquecer o simples e focar o complexo?... O que é que nos faz duvidar do seguro e agarrarmo-nos com todas as forças do nosso ser a uma dúvida? O que é que nos leva ao céu e ao inferno, nos faz brilhar mais que o sol e nos escurece mais do que qualquer noite? O que é doce como o mel e amargo como limão, belo como um prado de flores e horrível como um pântano estagnado? O que é que nos mantém coesos e absolutos, que nos desfragmenta e nos esquarteja? O que é que nos magoa e nos mantém a pedir mais? O que é que nos faz temer perder uma dor? O que é que empurra para abismos profundos e nos ergue a qualquer montanha? O que é que nos faz temer a segurança e desejar o inseguro? O que é que me deixa só, na minha torre, a fazer perguntas blasfemas e inoportunas? O que é que me acompanha, dentro de mim, onde quer que eu vá, onde quer que eu esteja?.... O que é isto?

O mundo é arte

"Será que o vento precisa de nuvens? Será que o mar precisa de ondas? Será que a terra precisa de montanhas e vales? Será que o fogo precisa de luz ou chama? Quando é que se dá valor ou se repara nestas primeiras coisas, sequer, senão quando acompanhadas das segundas? Necessidade? Não. Os Deuses não tiveram necessidade de criar nada. Decidiram apenas fazer arte... A pintura de um céu azul com nuvens de cores variáveis. A dança de marés e ondas enrolando-se junto à praia ou erguendo-se em alto-mar, numa tempestade. A escultura de imponentes montanhas erguendo-se às planícies e de infindáveis desfiladeiros polidos. E o teatro de uma chama que como qualquer peça nem um início e um fim, variando em intensidade e fulgor consoante o aplauso do combustível. Necessidade? Não. O mundo é arte." Devaneios de uma gárgula....

Quot dies...

Todos os dias vejo o sol nascer. Tempos houve em que o via descer e lhe prometia "vai-te, senhor do Dia, eu te espero até voltares...". Hoje, todos os dias como hoje, vejo-o nascer apenas porque me mantenho a pé mais tempo do que Ele. Porque, mesmo nos dias mais longos, me levanto de minha cama quente quando a bola dourada ainda não se vê no Leste longínquo... E saúdo-o quando já vou em viagem, enquanto me encaminho para o meu dia. Antes de sair de casa, todos os dias, ensaio algo para comer ou beber e quebrar o jejum. Não é fome, é dever. É saber que o meu corpo precisa de sustento mais do que a minha consciência se apercebe. Pegar em algo de alimento para a jornada, partir antes que a família (ou o Mundo) sonhe em acordar. Chegado ao local onde o sono e o dever se fundem e confundem, ainda sem que a larga maioria das pessoas que conheço pense em acordar, esperam-me duas horas, talvez mais, de imobilidade erecta. Dividir e organizar. Compatibilizar, detectar erros, corrigí-l

Os dias da alma

Ele há dias em que a minha alma me mantém apartado de mim mesmo. Dias em que temo por saber e sei por temer que as minhas acções nas vidas dos outros pesam na minha consciência e que as reacções dos outros na minha vida se tornam como uma capa de chumbo. Outros dias há em que, tendo direito a três horas de sono e à escravatura social imposta impreterivelmente ao quotidiano, contra todas as expectativas ou lógicas biológicas abro as asas e ultrapasso condicionantes e condicionalismos, objectos e objectivos, alçando vôo e arrastando o mundo atrás de mim com uma leveza desconcertante. A minha alma tem marés. Marés que me afogam ou me levam a vogar... Marés que me empurram para a dura realidade da praia ou para o mar alto da incerteza. O porto de abrigo por que me tomam, por que me têm, fraqueja por vezes e sai noutras vezes reforçado. Qual a utilidade de um cais seguro se não houver barcos dispostos a ancorar, a protegerem-se de intempéries nesse mesmo cais? De que servirá um dado porto s