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Há um perigo que entra em todas as vidas as vidas com passos de lã... Um perigo silencioso, como um assassino, um mercenário que ataca sem dó, sem piedade, sem apelo, sem agravo, sem hipótese de discussão ou negociação... É um vazio. Aquele nada que rasteja, quue caminha pé ante pé, atrás de nós, incautos, e espera aquele momento em que tudo está bem para com um golpe único nos invadir...
Insensata sensação de uma tristeza... Olhamos para nós, para o que temos, para tudo o que conseguimos e falta permanentemente algo. E, oh, insatisfeitos, agarramo-nos nós ao que temos? Não... Menosprezamos o que nos custou tanto a ter, tudo o que lutamos por conseguir, em troca de algo que em boa verdade nunca quisemos.
Na outra noite, encontrava-me eu sentado no topo da minha torre pensando porque razão valeria a pena... Pensando em desbaratar tudo... Pensando em algo que não conseguia definir mas que sem dúvida me faltava.
A princesa que amou o dragão sentou-se ao meu lado e perguntou-me o que se passava. Eu baixei os olhos e respondi que não se passava nada... Ela encostou a cabeça no meu ombro e deixou-se ficar imóvel, suponho que de olhos fechados. Eu perguntei-lhe o que se passava e ela acusou-me de não ser feliz. Fiquei estupefacto.

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parte 1

É atirada ao material uma criança... Um bebé que viria a ser uma criança... À carne, ao físico, ao tempo e espaço. Depois, contextualiza-se e integra-se essa criança num todo... Um grupo de condicionantes e fatores de como é suposto ser tudo. Um status quo inescapável de outros seres semelhantes que surgiram antes... Expectativas, padrões, normalidades, regras e o indivíduo neófito submete-se naturalmente à força passiva dos tantos contra nada, como se não houvesse qualquer violência envolvida. Não é explicada qualquer existência de quebras ou excepções ao padrão... Até o indivíduo se aperceber que é, ele próprio, uma excepção em algo... Há nele uma latente fuga às normas e não sabe que a fuga às normas é em si mesma normal...  Este é o primeiro conflito real do ser: admitir-se excepção ou refutar-se enquanto tal. A uma criança contextualizada no tácito contato social e sobreimposto status quo, ser a excepção em algo fundamental como, digamos, um núcleo familiar standardizado, constitu
"Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste... As paixões dormem , o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. A mesma teia pegajosa envolve e neutraliza, e só um ruído sobreleva: o da morte, que tem diante de si o tempo ilimitado para roer. Há aqui ódios que minam e contraminam, mas, como o tempo chega para tudo, cada ano minam um palmo. A paciência é infinita e mete espigões pela terra dentro: adquiriu a cor da pedra e todos os dias cresce uma polegada. A ambição não avança um pé sem ter o outro assente, a manha anda e desanda, e, por mais que se escute, não se lhe ouvem os passos. Na aparência, é a insignificância a lei da vida. É a paciência, que espera hoje, amanhã, com o mesmo sorriso humilde: - Tem paciência – e os teus dedos ágeis tecem uma teia de ferro. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. E o
A todos quantos possa interessar, esta gárgula tem estado em clima introspectivo... A aprender algo em que seja realmente bom, a dedicar-se à escrita para posterior publicação. Só para que todos vocês, que não estando diariamente comigo se preocupam com o meu estado inundando-me com carinhosas mensagens pedindo novas, boas ou más, todos os dias, saibam que está realmente tudo bem. Raios me partam mais os devaneios...