"Doem-me as saudades de um fim que não quis e que não tive. Amarga-se-me a boca porque alguém não quis o que eu não queria. Como ousou não ter coragem e não admitir querer algo que eu não queria? E pensar que alguém esboçou com sua pena um movimento que me marcou porque a pena é mais forte que a espada... E pensar que ergui minha espada no vão intuíto de permitir que erguesses tua pena, pois bastava um rabisco para que todos os desenhos que fiz com a espada valessem a pena. Saber-te capaz de lutar por algo... Saber-te capaz de lutar uma batalha perdida que talvez pudesses ganhar mas que ficaria infeliz se ganhasses... Porque é que não lutaste e não te deste a hipótese de ganhar? Nem que me perdesse eu ou que perdesse eu esta ideia de que quem perderia eras tu, saberia ao menos que em nome dos movimentos de espada que volteei, tu ter-me-ias feito belos poemas sob a forma de gravuras victorianas. Mas não. Ousaste, sim pegar na pena. Vi-te, Deuses em que não creio, juro que te vi, molhares na atra tinta o frágil bico de aço. Se me pedissem que jurasse por tudo o que de mais sagrado tenho, diria que dirigiste, sem mata-borrão, a tua caneta à folha que te dei. E pensei... Esperei, até.... Desesperadamente... Que me desses razões para esquecer o passado e obliterar o futuro em nome de um presente em que com tua tinta enrolasses teu corpo no meu, colasses teus lábios aos meus, misturasses tua respiração com a minha e me tomasses a carne como me tens tomada a alma e o pensamento. E eu seria forte, ou não seria (por certo não seria) e afastar-te-ia apenas para que com mais força viesses buscar o que te queria dar e tu não querias tomar....Porquê, oh, porquê não vieste tu buscar o que não te queria dar?"
E então a dor foi-se.
E então a dor foi-se.
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