Há uns anos construí esta torre.
Na altura em que depositei a última pedra, disse-me quem de direito:
- Se te fechares na torre não aprendes mais do que o que já sabes...
Ao que eu respondi:
- O que eu sei basta-me para viver o resto da minha vida sem quezílias e com as minhas necessidades plenamente preenchidas. Não é esse o objectivo último de todo o conhecimento?
Uma nova voz surgiu tímida e receosa, porém tão familiar que quase a confundi com a minha própria:
- Não achas que sabes ainda pouco? Claro que sabes o suficiente para os outros, mas... e para ti?
Enquanto olhava à minha volta procurando a nova voz respondi:
- Tenho para mim tudo o que preciso, agora. Não fingirei saber mais do que sei para mim próprio pois sei ser impossível enganar-me arrogando saberes que não possuo.
- Sabemos bem que não és tão tolo que te afirmes algo que não és - surgiu uma outra voz, luminosa, portentosa, esmagadora e ainda assim protectora - do pouco que sabes do mundo e de nós, aprendeste que tudo, até o teu valor, é relativo. Aprendeste a humildade da consciência de seres realmente pequeno e de conseguires, se quiseres, ser verdadeiramente universal, como nós. Compreendo que a minha irmã ache insuficiente o pouco que sabes e eu concordo com ela que a visão minimalista do hoje te vai entorpecer no futuro... Com a consciência de que sabes o suficiente para ti mas não para os outros... Desejas permanecer com a tua decisão irrevogável?
- Com o respeito tautológico que exiges, tu sabes a minha decisão pois és tu quem ma dá e é a tua parte em mim que a recebe. Soube como quem tudo sabe que o pouco que sei me bastava no meu solitário recanto.
- Mas... E quando no futuro tiveres sobre ti o teu peso e o de outros? - questionou-me a escuridão ignota que tinha em mim e com quem falava desde início - Quando te voltarmos a chamar como sabes que acontecerá apesar de te vires a esquecer de toda esta conversa no seu final?
Levei as minhas mãos aos olhos e agitei as asas no vácuo etéreo antes de ripostar, como quem pensa e inventa uma resposta lúcida e conclusiva; como quem poupa o processo de julgamento declarando-se culpado na ausência de provas de culpa.
- Sabendo vós quem eu sou em vós, o que serei em vós e tudo o que alguma vez fosteis além de mim e comigo. Sabendo vós que em me esquecendo deste conciliábulo seguirei a minha vida sob vossa influência e que quer a distância quer a proximidade convosco são igualmente úteis na minha união convosco. Sabendo vós que mais tarde recordarei convosco o que aqui e agora fora do tempo e do espaço, teremos todos dito. Mais ainda, sabendo vós que quando me recordar será pela necessidade própria de corresponder às necessidades dos outros e que na tentativa da colmatação das mesmas voltarei ao vosso caminho começando não de onde o deixo agora, nem de onde o comecei anteriormente, mas sim de um ponto ainda mais remoto que é esta minha torre... Sabendo vós que estou consciente de tudo isto e da minha irredutibilidade na resolução que me trouxe à vossa presença....
Não tive de dizer mais nada.
Hoje, começo o meu caminho a uma distância desconhecida do ponto de partida. A minha torre.
Na altura em que depositei a última pedra, disse-me quem de direito:
- Se te fechares na torre não aprendes mais do que o que já sabes...
Ao que eu respondi:
- O que eu sei basta-me para viver o resto da minha vida sem quezílias e com as minhas necessidades plenamente preenchidas. Não é esse o objectivo último de todo o conhecimento?
Uma nova voz surgiu tímida e receosa, porém tão familiar que quase a confundi com a minha própria:
- Não achas que sabes ainda pouco? Claro que sabes o suficiente para os outros, mas... e para ti?
Enquanto olhava à minha volta procurando a nova voz respondi:
- Tenho para mim tudo o que preciso, agora. Não fingirei saber mais do que sei para mim próprio pois sei ser impossível enganar-me arrogando saberes que não possuo.
- Sabemos bem que não és tão tolo que te afirmes algo que não és - surgiu uma outra voz, luminosa, portentosa, esmagadora e ainda assim protectora - do pouco que sabes do mundo e de nós, aprendeste que tudo, até o teu valor, é relativo. Aprendeste a humildade da consciência de seres realmente pequeno e de conseguires, se quiseres, ser verdadeiramente universal, como nós. Compreendo que a minha irmã ache insuficiente o pouco que sabes e eu concordo com ela que a visão minimalista do hoje te vai entorpecer no futuro... Com a consciência de que sabes o suficiente para ti mas não para os outros... Desejas permanecer com a tua decisão irrevogável?
- Com o respeito tautológico que exiges, tu sabes a minha decisão pois és tu quem ma dá e é a tua parte em mim que a recebe. Soube como quem tudo sabe que o pouco que sei me bastava no meu solitário recanto.
- Mas... E quando no futuro tiveres sobre ti o teu peso e o de outros? - questionou-me a escuridão ignota que tinha em mim e com quem falava desde início - Quando te voltarmos a chamar como sabes que acontecerá apesar de te vires a esquecer de toda esta conversa no seu final?
Levei as minhas mãos aos olhos e agitei as asas no vácuo etéreo antes de ripostar, como quem pensa e inventa uma resposta lúcida e conclusiva; como quem poupa o processo de julgamento declarando-se culpado na ausência de provas de culpa.
- Sabendo vós quem eu sou em vós, o que serei em vós e tudo o que alguma vez fosteis além de mim e comigo. Sabendo vós que em me esquecendo deste conciliábulo seguirei a minha vida sob vossa influência e que quer a distância quer a proximidade convosco são igualmente úteis na minha união convosco. Sabendo vós que mais tarde recordarei convosco o que aqui e agora fora do tempo e do espaço, teremos todos dito. Mais ainda, sabendo vós que quando me recordar será pela necessidade própria de corresponder às necessidades dos outros e que na tentativa da colmatação das mesmas voltarei ao vosso caminho começando não de onde o deixo agora, nem de onde o comecei anteriormente, mas sim de um ponto ainda mais remoto que é esta minha torre... Sabendo vós que estou consciente de tudo isto e da minha irredutibilidade na resolução que me trouxe à vossa presença....
Não tive de dizer mais nada.
Hoje, começo o meu caminho a uma distância desconhecida do ponto de partida. A minha torre.
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