"O calor espanta tudo e todos... adormece. Entra-nos nos corpos, ocupa-nos os pulmões... Lentamente, apesar de tentar lutar contra a temperatura com o suor, vamos entrando numa espécie de estase, não êxtase, e deixando-nos desfalecer... As pernas bamboleantes... a respiração pesada... a boca seca e olhos límpidos implorantes de águas frescas e cristalinas que terminem a agonia. Não, já não querem água, já só pedem uma sombra... raios, não! o que o corpo pede é a frescura dos elísios, uma ribeira, colinas verdejantes cobertas de ulmeiros, brisas refrescantes, frutas doces... Chamada à realidade. Ao longe o Partenon arde... Treme e não cai com as ondas que Gaia reflecte de uma carruagem de Apolo mais quente que qualquer forja de Hefesto, o Deus-Zarolho... Somos mortais, ó Imortais!... Aplacai a vossa fúria contra nós que destruímos impiedosa e lentamente as vossas criações... Dai-nos a misericórcia que a raça humana nega à sua gente... Não? Mestre e Senhor dos Sete Mares, ó Poseidon Tridentino, ergue contra nós a tua fúria e erradica a pólis com gigantesca vaga!... Uma morte rápida e agoniante para nos libertar da agonia da vida neste deserto urbano!... Deuses, imploro, lembrai-vos que quem vos esqueceu!..."
Sabem os caríssimos visitantes desta minha humilde torre o quanto eu gosto de música não tão apreciada por todos... Aqui há pouco tempo parei no sítio de uma amiga minha e ouvi algo que só ouço quando vou na máquina vermelha, mais depressa do que se voasse, ter com a minha Senhora. Lembrei-me então que sou ainda mais esquisito do que a larga maioria das pessoas que gostam de ouvir este tipo de música em particular.... E acrescentei-lhe um pequeno twist de gosto pessoal. Gosto muito da versão original.... Adoro esta:
Comentários