"Eu não quero..." Como se a vontade me desarmasse... Olhos já rasos de lágrimas porque sabe que é escusado e que sem levantar a voz não vai ser feita a vontade mas o dever.
- Pequenino... Meu amor... Deixa-te estar ao meu colo.... Um chi? Um chi bom e apertado.
- Mas eu não quero!
- Eu já percebi... E percebi que não percebes porque tem de ser assim e desculpa, mas também não sou capaz de te explicar melhor e vais ter de confiar em mim...
Olhos a desviar-se... Não é birra... É apenas mais agradável a alternativa e ele prefere-a... Como o compreendo.
- Escuta, vamos experimentar devagarinho... Um primeiro esforço só, vá... Se não conseguires, tudo bem.
- Não... - um ensaio de esperneio para fugir.
- Queres a recompensa? Olha ali... Queres aquilo? - ele cede um pouco - não nos te estou a pedir tudo... Vá, vamos aos poucos?
Ele cede. E em menos de nada tem o lanço para acabar sem custo o que não queria fazer de todo e está tudo feito....
Comer a sopa, arrumar os brinquedos, levantar-se do chão, impor rédeas ao coração... O processo é sempre o mesmo, dragãozinho... Funciona sempre da mesma maneira.
É atirada ao material uma criança... Um bebé que viria a ser uma criança... À carne, ao físico, ao tempo e espaço. Depois, contextualiza-se e integra-se essa criança num todo... Um grupo de condicionantes e fatores de como é suposto ser tudo. Um status quo inescapável de outros seres semelhantes que surgiram antes... Expectativas, padrões, normalidades, regras e o indivíduo neófito submete-se naturalmente à força passiva dos tantos contra nada, como se não houvesse qualquer violência envolvida. Não é explicada qualquer existência de quebras ou excepções ao padrão... Até o indivíduo se aperceber que é, ele próprio, uma excepção em algo... Há nele uma latente fuga às normas e não sabe que a fuga às normas é em si mesma normal... Este é o primeiro conflito real do ser: admitir-se excepção ou refutar-se enquanto tal. A uma criança contextualizada no tácito contato social e sobreimposto status quo, ser a excepção em algo fundamental como, digamos, um núcleo familiar standardizado, constitu
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