"Eu não quero..." Como se a vontade me desarmasse... Olhos já rasos de lágrimas porque sabe que é escusado e que sem levantar a voz não vai ser feita a vontade mas o dever.
- Pequenino... Meu amor... Deixa-te estar ao meu colo.... Um chi? Um chi bom e apertado.
- Mas eu não quero!
- Eu já percebi... E percebi que não percebes porque tem de ser assim e desculpa, mas também não sou capaz de te explicar melhor e vais ter de confiar em mim...
Olhos a desviar-se... Não é birra... É apenas mais agradável a alternativa e ele prefere-a... Como o compreendo.
- Escuta, vamos experimentar devagarinho... Um primeiro esforço só, vá... Se não conseguires, tudo bem.
- Não... - um ensaio de esperneio para fugir.
- Queres a recompensa? Olha ali... Queres aquilo? - ele cede um pouco - não nos te estou a pedir tudo... Vá, vamos aos poucos?
Ele cede. E em menos de nada tem o lanço para acabar sem custo o que não queria fazer de todo e está tudo feito....
Comer a sopa, arrumar os brinquedos, levantar-se do chão, impor rédeas ao coração... O processo é sempre o mesmo, dragãozinho... Funciona sempre da mesma maneira.
Há momentos em que, sem perceba muito bem como, um "eu" desperta em dúvida e incredulidade... É de madrugada. Pelas frinchas da persiana e através do vidro que separa o frio lá de fora do conforto de entre os cobertores, entram lâminas de luz amarela nascida do lampião do lado da rua. Do que se vê do céu, permanece escuro em conformidade com o esperado. E ele surge em mim com olhos de espanto... Acede ao eu para se reconhecer e saber quando e onde está mas é só ao que consegue chegar. Olha em volta... Analisa o que tenho ao meu redor e vê tudo... Não há malícia, nem má vontade, não há desagrado, não há desprezo... Há a admiração de não se aperceber como está onde estou.... "Como é que vim aqui parar? De onde este conforto? De onde a paz? Que foi feito ou que fiz eu para chegar a isto? De onde a força? Como a disciplina? Sorte? E para onde daqui? Como continuar? Qual a direção ou sentido? Por onde?" E um novo acesso a mim o faz sondar-me a vontade e desejos... Um t...
Comentários