Somos tão semelhantes, tu e eu. Ouvimos as mesmas músicas, vemos os mesmos programas de TV... Vemos o mesmo mundo da mesma maneira.
Somos cínicos e sarcásticos, irónicos e condescendentes. Temos para nós os mais altos padrões e expectativas e temo-nos em tão alta conta que entramos no paradoxo de deprimir à decepção e à falha no cumprimento do que contamos para nós.
Somos vítimas que escolhem e aceitam os seus agressores. Fazemo-nos acompanhar deles e somos programados por juízes sociais todo-poderosos aos quais obedecemos inconscientemente, gratos pela atenção dispensada.
No outro dia andei sem ligação ao mundo quase todo o dia. Deixei o telemóvel em casa. Ah, o silêncio...! Perturbador e desconfortável silêncio... Sem paz, sem alívio, sem pausa para o pensamento.
A minha mente sem trela já não deambula. Fica queda. Imóvel.
Em boa verdade, primeiro perde-se em conjeturas existenciais e na vangloria da independência... "o orgulho de ainda existir e subsistir selvagem"; "eu não necessito de viver ligado"... Mas daí a pouco vem uma música ou uma preocupação que acalma a arrogância da independência. Esqueço-me da beatitude do nada e em vez de partir para multiversos de criativos, a minha mente imobiliza-se.
O que é feito da vossa aprovação, onde está o vosso agrado e comentário atento? Como sei que posso contar com a vossa assiduidade e pontualidade na companhia? Como ousais deixar-me desamparado?
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