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Sento-me no topo da minha torre...

Ocultei minha alma em panos e não bastou, apertei-a e pedi-lhe que não falasse tão alto e não bastou,
encostei-a à parede e entre palavras de amor, ameacei-a que a deixava e a perdia...
Encerrei minha alma numa cela de pedra fria.
Dei-lhe fome e sede de atenção, negligenciei-a e aguardei que esmorecesse, quando voltei ao cativeiro agrediu-me com as pedras arrancadas à parede.
Juntei as pedras e encerrei-lhe a porta, emparedando-a... Incontáveis eras passaram e voltei para ver a minha alma perdida.
Encontrei a prisão em ruínas, reduzida a um monte de pedras espalhadas.
A minha alma encontrava-se no meio dos destroços e manteve-se em silêncio quando me sentiu a aproximar.
Abracei a minha alma e apertei-a contra mim, confiante na sua docilidade, mas a minha alma mordeu-me e arranhou-me e revoltou-se em silêncio contra mim. Tentei fugir-lhe e escapar-lhe mas perseguiu-me em silêncio por montes e vales...
Por artes e manhas encerrei minha alma num caixão de chumbo e atirei-a para uma caverna no fundo do mar.
Sentei-me no topo da montanha e descansei. Quando acordei o mar tinha secado e a montanha era um deserto. Um caixão de chumbo avançava na minha direção em pequenos saltos pela areia que escaldava. Abdiquei de mim e abri o caixão. Ao abrir o caixão abri também o meu peito, esperando que a minha alma me esquartejasse por dentro, para findar de vez aquela batalha.
Minha alma saiu brilhante como sempre do caixão, flamejante e arrasadora. Abraçou-me e desvaneceu para dentro de mim para me fazer completo.
Apenas depois de épicas contendas e de titânicas batalhas desisti da guerra com a minha alma, de tentar ser o que não sou. Só então vi a paz de estar pronto para ser feliz.

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