Sim, tenho estado fora, lamento...
Hummm?
Está, está uma bela salganhada, não está? Não tenho tido tempo para arrumar a Torre. Não tenho a disciplina, a ordem... Ah, balelas, não tenho é vontade de a arrumar. Todos os dias em que volto à Torre e a encontro em desalinho, protelo e procrasto a arrumação e a limpeza devida....
Que olhar é esse?
Caríssimo visitante, atente, esta é a minha Torre... Basto eu a demonstrar qualquer desagrado sobre ela, sim?
Agradecido.
Não é assisado de todo obrigar uma gárgula a falhar na sua condição de anfitrião... Estou demasiado cansado para ainda manter uma máscara para ilustres visitantes.... Minha Torre!...
Desalinhada, desarrumada, caótica e acima de tudo minha.
Sim, eu sei que o reparo não foi maldoso. Que foi um desabafo e não um desaforo... Mais do que isso, que foi uma demonstração de preocupação e não de crítica maledicente e destrutiva.... O grave mal de que padeço actualmente impede-me de acitar qualquer chamada de atenção. O grave mal é o cansaço.
Correr mercados, ver humanos correndo para um lado, para o outro... E eu arrastando mensagens entre uns e outros... Subir montanhas em vôo, descê-las de volta aos vales... Eu, uma criatura nocturna padecer solheiras e atravessar vastas planícies arrastando meu fardo sob um sol ardente....
Desculpe-me, caro visitante... Nem para o desabafo me encontro apto...
E ver a minha Nuvem a desfragmentar-se e a tentar parecer sólida como sempre... E ter as criaturas que sempre precisaram e contaram comigo a padecer com a minha ausência... E chegar, voltar à minha torre a cada dia com o desejo apenas de me submeter à catarata ininterrupta de água quente... E nem pensar em por onde cada gota passa. Abstrair-me de mim mesmo até à nulidade... Até deixar de estar, não de ser................. E odiar-me por não conseguir voar mais depressa naquele idiota jogo de humanos, em troca de uma recompensa que não paga de todo o que sacrifico...
É aquela nulidade a que me remeto e me resigno para não perceber aquilo em que me estou a tornar.... Passo cada vez menos tempo na minha Torre e, ó ilustre visitante que reparaste no desalinho em que se encontra a minha Torre, é lícito o desalinho em que se encontra a minha Torre.
Isto não passa de cansaço... Tanta coisa... cansaço...
O sol que me queima a pele marmórea... Cansaço...
A Nuvem apartada pela vida e por mim... Cansaço...
As pessoas com quem vou coexistindo no domicílio físico... Cansaço...
O puxão de cauda e de ponta de asa pelas criaturas que sempre me julgaram inesgotável... Cansaço.
Não trocaria neste momento este cansaço por todo o descanso do mundo... Não o faria porque sei que é isto que tenho de fazer... É isto que fará uma gárgula, um guardião, mais forte....
Hummm?
Está, está uma bela salganhada, não está? Não tenho tido tempo para arrumar a Torre. Não tenho a disciplina, a ordem... Ah, balelas, não tenho é vontade de a arrumar. Todos os dias em que volto à Torre e a encontro em desalinho, protelo e procrasto a arrumação e a limpeza devida....
Que olhar é esse?
Caríssimo visitante, atente, esta é a minha Torre... Basto eu a demonstrar qualquer desagrado sobre ela, sim?
Agradecido.
Não é assisado de todo obrigar uma gárgula a falhar na sua condição de anfitrião... Estou demasiado cansado para ainda manter uma máscara para ilustres visitantes.... Minha Torre!...
Desalinhada, desarrumada, caótica e acima de tudo minha.
Sim, eu sei que o reparo não foi maldoso. Que foi um desabafo e não um desaforo... Mais do que isso, que foi uma demonstração de preocupação e não de crítica maledicente e destrutiva.... O grave mal de que padeço actualmente impede-me de acitar qualquer chamada de atenção. O grave mal é o cansaço.
Correr mercados, ver humanos correndo para um lado, para o outro... E eu arrastando mensagens entre uns e outros... Subir montanhas em vôo, descê-las de volta aos vales... Eu, uma criatura nocturna padecer solheiras e atravessar vastas planícies arrastando meu fardo sob um sol ardente....
Desculpe-me, caro visitante... Nem para o desabafo me encontro apto...
E ver a minha Nuvem a desfragmentar-se e a tentar parecer sólida como sempre... E ter as criaturas que sempre precisaram e contaram comigo a padecer com a minha ausência... E chegar, voltar à minha torre a cada dia com o desejo apenas de me submeter à catarata ininterrupta de água quente... E nem pensar em por onde cada gota passa. Abstrair-me de mim mesmo até à nulidade... Até deixar de estar, não de ser................. E odiar-me por não conseguir voar mais depressa naquele idiota jogo de humanos, em troca de uma recompensa que não paga de todo o que sacrifico...
É aquela nulidade a que me remeto e me resigno para não perceber aquilo em que me estou a tornar.... Passo cada vez menos tempo na minha Torre e, ó ilustre visitante que reparaste no desalinho em que se encontra a minha Torre, é lícito o desalinho em que se encontra a minha Torre.
Isto não passa de cansaço... Tanta coisa... cansaço...
O sol que me queima a pele marmórea... Cansaço...
A Nuvem apartada pela vida e por mim... Cansaço...
As pessoas com quem vou coexistindo no domicílio físico... Cansaço...
O puxão de cauda e de ponta de asa pelas criaturas que sempre me julgaram inesgotável... Cansaço.
Não trocaria neste momento este cansaço por todo o descanso do mundo... Não o faria porque sei que é isto que tenho de fazer... É isto que fará uma gárgula, um guardião, mais forte....
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