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"Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...

As paixões dormem , o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. A mesma teia pegajosa envolve e neutraliza, e só um ruído sobreleva: o da morte, que tem diante de si o tempo ilimitado para roer. Há aqui ódios que minam e contraminam, mas, como o tempo chega para tudo, cada ano minam um palmo. A paciência é infinita e mete espigões pela terra dentro: adquiriu a cor da pedra e todos os dias cresce uma polegada. A ambição não avança um pé sem ter o outro assente, a manha anda e desanda, e, por mais que se escute, não se lhe ouvem os passos. Na aparência, é a insignificância a lei da vida. É a paciência, que espera hoje, amanhã, com o mesmo sorriso humilde: - Tem paciência – e os teus dedos ágeis tecem uma teia de ferro.

Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. E o tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.

Passou um minuto ou um século? Sobre o granito salitroso outra camada denegrida, e as horas caem sobre a vida como gotas de água duma clepsidra.

De tanto ver as pedras já não reparo mais nas pedras."

Para a seguidora do meu Blog... Espero que tenhas deixado Paris inteira. Obrigado.


Húmus - Raúl Brandão

Comentários

Milai disse…
sou eu??? sou eu???
Dahnak disse…
És tu... :) és tu.

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