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O Louco

Perguntais-me como me tornei um louco. Aconteceu assim: Um dia, muito antes de muitos deuses terem nascido, acordei de um sono profundo e descobri que todas as minhas máscaras haviam sido roubadas - as sete máscaras que criei e usei em sete vidas - (e) corri pelas ruas cheias de gente gritando "Ladrões, ladrões, os malditos ladrões!".
Homens e mulheres riram-se de mim e algumas pessoas fugiram para dentro de suas casas com medo de mim.
Quando cheguei ao mercado, um jovem que se encontrava de pé em cima do telhado de uma casa gritou "Ele é um louco!". Olhei para o confrontar; o sol beijou-me a face nua pela primeira vez. Pela primeira vez o sol beijou a minha face nua e a minha alma foi inflamada com amor pelo sol e não quis mais as minhas máscaras. Como que em transe, gritei "Abençoados, abençoados são os ladrões que me roubaram as máscaras.".
E assim me tornei um louco.
E encontrei tanto a liberdade da solidão como a segurança de ser entendido, pois aqueles que nos entendem escravizam algo em nós.
Mas não me torne eu demasiado orgulhoso da minha segurança. Mesmo um Ladrão numa prisão está a salvo de outro ladrão.


"The Mad Man", Kahlil Gibran

Comentários

Milai disse…
já nao digo que és louco mas mal educado.
Dahnak disse…
E com toda a razão o afirmas, caríssima... E permite-me adicionar, em conformidade com a lista que devemos partilhar sobre a minha pessoa, "negligente", "irritante", "irresponsável", "descuidado", "parvo" e "mal-agradecido" ou "ingrato"... Não digo isto com ponta de sarcasmo ou ironia mas com a réstea de consciência que ainda mantenho.
Desculpa, amiga.
Desculpem, amigos... Incluídos todos aqueles que não expressam o seu desagrado pela minha conduta como o fez a Milai.
A todos, as minhas mais sinceras desculpas. Assim que puder, tentarei reatar contactos. É uma promessa.

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