Houve ali um momento, no ponto angular daquela pedra, em que dispus novamente ao vento e à sua misericórdia...
"Zéfiro, Senhor," orei para comigo, "toma-me novamente como quando era pequeno e com a mesma facilidade ampara-me no ar impedindo-me a queda... Perdoa-me as costas que te dei ao longo dos anos por ser insensato contar contigo. Toma-me de peito aberto e se acaso não tiveres em ti piedade com que me agraciar, solta-me lentamente para que te guarde apenas como lembrança ou fantasia da infância.".
E o vento teve-me, susteve-me e conteve-me, como um velho amigo, como um irmão mais velho que embala desajeitado mas com carinho o mais novo...
E de novo as vozes do mundo me alertaram para a insensatez de confiar no vento, de novo me pediram que abandonasse a iminência do abismo, de novo se levantaram em preocupação ante um previsível e evitável destino...
E eu... Eu sorri ao vento que atiça o fogo na minha alma, abracei-o mais um momento e despedi-me com mais um pouco dele recluso em mim.
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