Avançar para o conteúdo principal

Ceder

Mas sim, há mudanças.
Viver no outro é arriscar o erro de deixar de viver em nós e o nosso corpo, nós, é tudo o que temos para poder fazer do outro feliz... Para nos atrevermos a ser felizes com o outro.
Hoje cedo. A minha cedência cedo se me afigurou como constante, como se a minha necessidade de sobreviver dependesse da minha inata solicitude em ceder.
Não me interpretes mal... Eu cedo porque sou assim. Não cedo porque me forcem, não cedo porque me peçam, não cedo por al senão pelo facto de todas as minhas células terem aversão a resistir a algo que não tem importância.
E eis a minha mudança básica.
Não posso ir contra a minha natureza e não ceder, não posso deixar de ser quem sou. Recuso-me a trair-me. Mas... e nestas coisas há sempre um mas e mesmo nisto cedo... agora escolho a minha cedência.
Avalio a capacidade de cedência da outra pessoa.
Se o outro se me apresenta como capaz de ceder e não o faz em toda e qualquer condição, a minha cedência é vil e cobarde, mesquinha e inútil e por isso evitável a todo o custo.
Se o outro é incapaz de ceder como resposta ou reacção, a minha cedência será vã e ausente de significado para outra pessoa, e ausente de fruto ou retribuição para mim... Por força não posso ceder pois eu também tenho valor.
Se o outro me agracia cedendo e abdicando de si repondo o equilíbrio de uma prévia cedência minha, sinto o valor e a importância daquela pessoa na minha e na sua própria vida... a consciência do seu bem, do meu bem, do bem comum em si mesmo. Nestas condições cedo e cederei sempre.
Se o outro não sabe viver em si e cede desmesuradamente... Mais, se além da cedência se voluntaria para se prejudicar... a permitir a manutenção de tais condições seria um tratante intratável.
Já me encontrei na minha pele e na do outro. Hoje, cedo apenas porque me conheço e me esforço para compreender o outro e porque se esforçam para me compreenderem.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Ele

Há momentos em que, sem perceba muito bem como, um "eu" desperta em dúvida e incredulidade...  É de madrugada. Pelas frinchas da persiana e através do vidro que separa o frio lá de fora do conforto de entre os cobertores, entram lâminas de luz amarela nascida do lampião do lado da rua. Do que se vê do céu, permanece escuro em conformidade com o esperado. E ele surge em mim com olhos de espanto... Acede ao eu para se reconhecer e saber quando e onde está mas é só ao que consegue chegar. Olha em volta... Analisa o que tenho ao meu redor e vê tudo... Não há malícia, nem má vontade, não há desagrado, não há desprezo... Há a admiração de não se aperceber como está onde estou.... "Como é que vim aqui parar? De onde este conforto? De onde a paz? Que foi feito ou que fiz eu para chegar a isto? De onde a força? Como a disciplina? Sorte?  E para onde daqui? Como continuar? Qual a direção ou sentido? Por onde?" E um novo acesso a mim o faz sondar-me a vontade e desejos... Um t...

Diálogo - 2 ideias

Sabem os caríssimos visitantes desta minha humilde torre o quanto eu gosto de música não tão apreciada por todos... Aqui há pouco tempo parei no sítio de uma amiga minha e ouvi algo que só ouço quando vou na máquina vermelha, mais depressa do que se voasse, ter com a minha Senhora. Lembrei-me então que sou ainda mais esquisito do que a larga maioria das pessoas que gostam de ouvir este tipo de música em particular.... E acrescentei-lhe um pequeno twist de gosto pessoal. Gosto muito da versão original.... Adoro esta:

Luz e Sombra

Na vida existem dois caminhos primordiais. Sábio é o homem que sabe orientar-se em ambos. Sem qualquer conotação negativa ou positiva, existe então o caminho do Sol, da Luz, do Racional, de tudo aquilo que é explicável e comprovável e o caminho da Lua, da Sombra, do Emocional, de tudo aquilo que escapa à logica e à verificação óbvia. Esta é uma das bases mais simples da Magia, de todas as Magias, e é também uma base de vida invulgarmente abrangente. Geralmente, aquele que segue a Luz fascina-se com a escuridão e com o mistério. Não sossega enquanto não impõe uma ordem naquilo que ultrapassa a sua compreensão, colocando um determinado item num compartimento estanque e seguro. A ordem, a claridade, a regra e respectivas excepções ditam os modos e guiam aquele que opta por ignorar o que o seu lado emocional lhe diz segue o que a razão lhe impõe. O seguidor da luz conhece os seus sentimentos e, mesmo quando perde o controle sobre o seu coração, sabe o que sente, como sente, porque sente ...