Avançar para o conteúdo principal

Sabem os Deuses o quão pouco tenho escrito e quanto me arrelia este ócio literário a que me dedico paradoxalmente... O facto é que estou de férias sem férias. Digo isto não por que tenha um emprego ou um trabalho - a menos que se considere "tomar conta do puto" sem remuneração um emprego - mas porque não tenho um. Contraditório? Ok, eu explico. Até agora, em qualquer formulário ou questionário que me pedissem para preencher, na secção de "profissão", colocava alegremente e sem hesitar "estudante". Agora que me vejo sem o estatuto de estudante por já ter estudado não o suficiente mas o bastante para mim, por agora, dou comigo preso na insustentável leveza da nulidade. Não tenho escrito de todo, mas se há altura na minha vida em que a auto-disciplina vai ser necessária, penso que essa altura é agora. Não quero ser como tantas outras alminhas por aí que mal se apanham com o "dr." à frente se tomam pelos maiorais e se esquecem que a nossa língua, o uso que fazemos dela, o conhecimento que temos da nossa identidade, são de facto o que nos define e não duas meras letras à frente do nome no cartão de crédito. Posso não escrever muito ultimamente, mas dou por mim repetidamente em conjunturas filosóficas, em teorizações metafísicas e conclusões teológicas muito típicas da minha pessoa. Acho as paragens de autocarro e as estações do metro especialmente prolíficas nestes assuntos... Surpreende-me a minha ousadia na recorrente tentativa de descrição do humano. Perdão. Do Humano. Uma das conclusões a que cheguei é que o Homem não é um animal. Considero o Homem, como, aliás, todas as restantes coisas da Natureza, um conjunto de químicos básicos e nada mais que isso. A racionalidade e os sentimentos do Homem são fenómenos explicáveis pela bio-química que em nada o destinguem dos restantes animais com quem partilha o berlinde azul. A capacidade racional de comunicar mensagens e informações complexas não é marca de distinção suficientemente válida para justificar uma alegada superioridade. Especialmente quando verifico que ultimamente - e começo a duvidar que não tenha sido sempre assim- o Homem tem atitudes brutalmente animais e completamente contrárias à sua auto-definição.De facto, o Homem, desde a Idade Média, define a hierarquia das espécies colocando-se entre o divino e o animal... Anteriormente, temia os animais e a sua força e pedia a protecção dos seus espíritos imitando-os, agindo como eles.... Actualmente, o Homem tornou-se independente do divino. Na sua busca pelo racional perceptível, na demanda pela positivista compreensão do que o cerca, julgou-se insubmisso às regras naturais dominando-as e controlando-as... E acaba por continuar a comportar-se pior que as bestas de onde há mais de mil anos se catapultou. Ainda há comportamentos tipicamente animais no humano o que me faz pensar que sempre os houve e augurar que, enquanto houver humanos, para sempre venham a existir. Todas as Organizações de Direitos Humanos são utópicas e de objectivos impossíveis. Os ideais da revolução francesa de igualdade, fraternidade e liberdade não são mais que isso mesmo: ideais. Que por o serem merecem permanecer como ideais, imprescrutáveis e inatingíveis como coisas do divino superior ao humano...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Diálogo - 2 ideias

Sabem os caríssimos visitantes desta minha humilde torre o quanto eu gosto de música não tão apreciada por todos... Aqui há pouco tempo parei no sítio de uma amiga minha e ouvi algo que só ouço quando vou na máquina vermelha, mais depressa do que se voasse, ter com a minha Senhora. Lembrei-me então que sou ainda mais esquisito do que a larga maioria das pessoas que gostam de ouvir este tipo de música em particular.... E acrescentei-lhe um pequeno twist de gosto pessoal. Gosto muito da versão original.... Adoro esta:

Luz e Sombra

Na vida existem dois caminhos primordiais. Sábio é o homem que sabe orientar-se em ambos. Sem qualquer conotação negativa ou positiva, existe então o caminho do Sol, da Luz, do Racional, de tudo aquilo que é explicável e comprovável e o caminho da Lua, da Sombra, do Emocional, de tudo aquilo que escapa à logica e à verificação óbvia. Esta é uma das bases mais simples da Magia, de todas as Magias, e é também uma base de vida invulgarmente abrangente. Geralmente, aquele que segue a Luz fascina-se com a escuridão e com o mistério. Não sossega enquanto não impõe uma ordem naquilo que ultrapassa a sua compreensão, colocando um determinado item num compartimento estanque e seguro. A ordem, a claridade, a regra e respectivas excepções ditam os modos e guiam aquele que opta por ignorar o que o seu lado emocional lhe diz segue o que a razão lhe impõe. O seguidor da luz conhece os seus sentimentos e, mesmo quando perde o controle sobre o seu coração, sabe o que sente, como sente, porque sente ...

O original é sempre melhor?

Gary Moore E eu a pensar que o Tuomas era um génio daqueles quando reparo que houve uma brutal colagem neste génio que me era desconhecido... dispensável e lamentável. Compare-se: Nightwish O que vale é que a voz da Tarja dava outra alma...