Deixei o palacete para trás... A noite aconchega-me as asas negras com as suas. Os pêlos da nuca, com o frio e o vento eriçados, amansam à força das gotas de chuva que os alagam, chuva que me encharca o cabelo; vento que me fustiga as asas fazendo-me pairar quando os meus olhos e coração querem seguir em frente limpar da superfície da terra as criaturas responsáveis por tão hediondo acto... Os relâmpagos alumiam-me a face e incandeiam-me obrigando-me a parar o bater de asas. Tornam mais perceptível a minha obscura presença no atro céu aos aldeãos no chão, para quem possivelmente eu sou o responsável por semelhante intempérie.
Eu sei que a responsabilidade não é minha pela tempestade que tenta em vão lavar-me a alma da mancha negra que a vai corroendo agora que apagada está a sua luz. Se fosse de minha autoria abriria fendas sobre o solo, fulminaria com precisão inumana não só o corpo mas o próprio espírito daquelas criaturas que respiram o meu ar...
A minha espada, de presa que está à cintura, baila na bainha com o punho descoberto. Sinto-me tentado a soltá-la do cativeiro e fazê-la cantar em direcção ao pescoço daqueles seres que quase aprendi a amar e agora se tornaram abjectos, que me apontam nos altos céus e gritam "demónio, demónio! fujam, fujam!"... São roedores a tentar escapar-se a um falcão que procura caça mais grossa.
O meu coração, que bate na cólera de uma vingança anunciada, não se encontraria mais dividido cortado ao meio do que agora que a minha mão se ergue contra ele e a seu pedido... Como é possível tal? Que espécie de magia traz consigo o humano para que, sem que a controle, ensandeça indecentemente a mente gargúlea?
Deixo de repente de bater as asas e desço em espiral em direcção ao solo... A dor do impacto contra o solo talvez me permita aliviar, talvez deixar de sentir, esta outra que me dilacera por dentro e me separa e me vira contra mim mesmo...
Eu sei que a responsabilidade não é minha pela tempestade que tenta em vão lavar-me a alma da mancha negra que a vai corroendo agora que apagada está a sua luz. Se fosse de minha autoria abriria fendas sobre o solo, fulminaria com precisão inumana não só o corpo mas o próprio espírito daquelas criaturas que respiram o meu ar...
A minha espada, de presa que está à cintura, baila na bainha com o punho descoberto. Sinto-me tentado a soltá-la do cativeiro e fazê-la cantar em direcção ao pescoço daqueles seres que quase aprendi a amar e agora se tornaram abjectos, que me apontam nos altos céus e gritam "demónio, demónio! fujam, fujam!"... São roedores a tentar escapar-se a um falcão que procura caça mais grossa.
O meu coração, que bate na cólera de uma vingança anunciada, não se encontraria mais dividido cortado ao meio do que agora que a minha mão se ergue contra ele e a seu pedido... Como é possível tal? Que espécie de magia traz consigo o humano para que, sem que a controle, ensandeça indecentemente a mente gargúlea?
Deixo de repente de bater as asas e desço em espiral em direcção ao solo... A dor do impacto contra o solo talvez me permita aliviar, talvez deixar de sentir, esta outra que me dilacera por dentro e me separa e me vira contra mim mesmo...
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