Havia no mercado um homem que sempre me fascinou... Eu, enquanto ser oculto em disfarces e vestes, passei muitas horas a admirá-lo, com os seus andrajos e ar indigente. Cheguei a interrogar outras pessoas acerca daquela criatura tão fascinantemente sublime. Quem era, quem tinha sido, o porquê de passar todo o caminho que o sol rasga no céu sentado ou de pé, mas sempre no mesmo canto do mercado, sorrindo com uma beatitude desconcertante... Vim a saber que aquele homem tinha sido algo semelhante a um grande magnata do petróleo. Que tivera mais casas do que semanas tem o ano. Que viajara pelo mundo e vivera uma vida invejável pelo vulgo. E o facto de ele ter tido tudo isso e, depois de o ter perdido, não só não ter posto fim à própria vida como ser capaz de sorrir... Sentei-me uma tarde ao lado dele. Ele olhou-me sem me conseguir ver e eu apercebi-me que ele era cego. Sorriu-me. "Boa tarde, rapazola." disse-me. Eu sorri e respondi-lhe "que tem esta tarde de boa, ancião?&q